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Juros mais baixos, lucros mais altos
As taxas de juro caíram para os menores níveis da história do País e, mesmo assim, os bancos públicos ganharam dinheiro como nunca.
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Quando o preço baixa, a freguesia compra mais. Os balanços de 2012 do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, divulgados na semana passada, mostram que esse velho princípio do varejo está mais atual do que nunca. Os dois bancos estatais divulgaram resultados recordes em 2012, ano em que o governo induziu a queda das taxas de juros para os menores níveis da história do País – a Selic, juro básico da economia, caiu de 12% para 7,25%. Nesse ambiente, o Banco do Brasil lucrou R$ 12,2 bilhões, com crescimento de 0,7% no ano. Já a Caixa obteve um lucro recorde de R$ 6,07 bilhões, com avanço de 17% em relação a 2011.
“Os resultados de 2012 mostraram o acerto da nossa estratégia”, disse Jorge Hereda, presidente da Caixa, na quarta-feira 20. “O Banco do Brasil lucrou vendendo mais produtos para mais clientes”, afirmou, no dia seguinte, Aldemir Bendine, presidente do BB. O que chamou a atenção nos dois casos foi o forte avanço na concessão de crédito. No BB, a carteira de empréstimos chegou a R$ 580 bilhões, um crescimento de 24,9% em relação a 2011. Já o avanço da Caixa foi mais significativo. Os empréstimos aumentaram 42,8% e atingiram R$ 361 bilhões, sendo que a carteira imobiliária, a mais importante do banco, avançou 44% e, por pouco, não chegou a R$ 200 bilhões.
Ambas instituições estabeleceram metas ambiciosas para 2013. Neste ano, a Caixa projeta uma expansão de 35% na carteira de empréstimos, ao passo que os concorrentes privados de varejo calculam uma média de 15%. “Vamos chegar ao fim de 2013 anunciando um resultado tão bom quanto esse”, afirmou o presidente da Caixa. A meta de Bendine é ampliar a carteira do BB em até 20%. “O banco iniciou um processo de ampliação da rede de agências e de contratação de pessoal em 2011, e vamos colher mais frutos neste ano”, disse ele. A reação do mercado aos resultados foi positiva: as ações do Banco do Brasil avançaram 4,1% na quinta-feira 21, em um pregão onde as cotações de Itaú Unibanco e Bradesco recuaram.
“O crescimento de 24,9% na carteira de crédito do BB foi bem superior aos 7% de média do mercado, e o banco conseguiu isso melhorando as margens financeiras e melhorando a qualidade dos ativos”, avalia Mario Pierry, analista-chefe do Deutsche Bank. Karina Freitas, da corretora Concórdia, também elogiou o desempenho. “O BB surpreendeu não só pelo bom crescimento das carteiras, mas também pelo aumento sólido nas receitas provenientes de seguros e de prestação de serviços.” Tanto Bendine quanto Hereda atribuíram o bom desempenho à estratégia de se anteciparem ao ajuste do mercado financeiro aos juros menores. As carteiras de empréstimos de ambos avançaram e a inadimplência recuou.
Segundo Bendine, as taxas menores estimularam clientes endividados a trocar seus financiamentos por créditos mais baratos, o que facilitou o pagamento das parcelas. Para ele, o mais surpreendente dos resultados de 2012 foi a ativação da base de clientes. O BB possui 55 milhões de correntistas, e é difícil trazer mais pessoas para esse universo. No entanto, afirmou, a redução dos juros e das tarifas e o maciço esforço publicitário fizeram com que 12,8 milhões de pessoas ampliassem sua atuação com o banco. “Desse total, 9,5 milhões passaram a usar pelo menos um produto, e 3,3 milhões tomaram seu primeiro financiamento”, disse.
Pierry, do Deutsche, notou que os resultados do Banco Votorantim, uma notória fonte de prejuízos para o BB, estão melhorando. Bendine quer mais. “O Votorantim não vai dar prejuízo em 2013”, disse ele ao apresentar os resultados. Apesar de o BB ter injetado R$ 4,2 bilhões no Votorantim ao longo dos últimos quatro anos para sanear a carteira de financiamentos automotivos do banco, Bendine afirma que os resultados futuros serão positivos. Segundo ele, o banco possui uma estrutura muito bem azeitada para ampliar esses empréstimos, algo estratégico para o BB.
Bendine não comentou as negociações para ampliar a participação acionária no Votorantim. Um dos trunfos do BB para 2013 são os financiamentos imobiliários, algo relativamente recente na história da instituição. Atualmente, a carteira desses empréstimos é de R$ 12,9 bilhões. A meta para o fim de 2012 é mais do que dobrar essa cifra, atingindo R$ 27 bilhões. “Temos um objetivo interno de sermos o segundo maior banco em empréstimos imobiliários até o fim deste ano”, disse Bendine. Outro coringa para ampliar os negócios é a expansão internacional. Além de transformar diversos escritórios na Europa e na Ásia em agências, o BB está negociando a compra de instituições nos Estados Unidos, nos estados da Flórida e de Nova Jersey.
Os ganhos do BTG Pactual
Lucro do banco de investimentos cresce 70% em relação a 2011
Os lucros não foram recordes apenas para os gigantes estatais de varejo. O banco de investimentos BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, anunciou um ganho de R$ 3,2 bilhões no ano passado, alta de 69,4% em relação a 2011, apesar do prejuízo de R$ 603 milhões do PanAmericano, controlado pelo BTG em associação com a Caixa. A rentabilidade patrimonial do BTG foi de 28,7%. Segundo Nataniel Cezimbra, analista do BB Investimentos, esse número está bem acima da média de 16,4% registrada pelos bancos privados brasileiros.
“O bom desempenho mostra a força do nosso modelo de negócios”, disse Esteves. O ritmo lento do mercado de capitais reduziu as emissões de ações e o saneamento do PanAmericano afetou o resultado, o que foi compensado pelo crescimento de 60% na carteira de empréstimos corporativos, que atingiu R$ 33,8 bilhões. Esteves avalia que o desempenho de 2013 será beneficiado pelo aquecimento do mercado de capitais.
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