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Aprendizagem e memorização: 6 técnicas para amplificar o potencial do cérebro
Cada método é mais adequado a determinadas situações – mas todos têm eficiência reconhecida
Na educação, muitas técnicas foram propostas com o objetivo de auxiliar na retenção de conteúdo, cada uma utilizando um aspecto diferente do cérebro, que é responsável pela nossa capacidade de pensamento, movimento voluntário, linguagem, julgamento e percepção. No entanto, existem princípios que são comuns a muitas dessas técnicas e servem de pilares para fornecer um ganho significativo na retenção de conteúdo.
Dentre esses princípios, vemos dois que são eficientes formas de memorização: a repetição e o emocional. Além disso, outro pilar importante é a exploração do poder associativo do cérebro, pois ao criar associações intencionais, facilitamos a aprendizagem e a retenção de conteúdo. Essas associações agilizam o processo de revisão e o encadeamento de assuntos interdependentes. Dito isso, vamos a algumas técnicas:
1) Autoexplicação
É uma abordagem eficaz no processo de aprendizado, na qual os estudantes explicam o conteúdo para si mesmos. Essa prática envolve fazer perguntas e responder com suas próprias palavras, permitindo a compreensão mais profunda do material. Além disso, ajuda a identificar lacunas, reforçando a memória e consolidando as informações.
2) Active recall (recuperação ativa)
É uma técnica de aprendizagem que consiste em lembrar ativamente de informações, sem consultar as referências, fortalecendo conexões neurais e melhorando a retenção de informações. Para implementá-la, o ideal é utilizar flashcards, fazer perguntas a si mesmo ou realizar autoavaliações, praticando regularmente e esperando o esquecimento antes de testar-se novamente.
3) Método Feynman
É um método eficiente de aprendizado que permite compreender rapidamente um conceito, apresentando-o de maneira simples e clara. Ele se baseia na ideia de explicar algo de forma que facilite a compreensão. Para aplicar essa técnica, primeiro deve-se escrever o assunto no topo de uma folha de papel.
Em seguida, explicá-lo com suas próprias palavras, como se estivesse ensinando a uma criança, por exemplo. Depois, revise o material e identifique possíveis erros a fim de obter a resposta correta. Após isso, volte para suas anotações ou material de leitura e descubra a resposta correta.
Por fim, se houver alguma área em suas anotações em que você usou termos técnicos ou linguagem complexa, volte e reescreva essas seções em termos mais simples para alguém que não tenha a formação educacional que você tem.
4) Modos focado e difuso
Alternar entre os modos focado e difuso é uma estratégia importante para melhorar a aprendizagem, conforme apresentado no livro Aprendendo a Aprender, de Barbara Oakley. O modo focado é quando nos concentramos em uma atividade específica, enquanto o modo difuso envolve a ativação de várias áreas do cérebro para explorar memórias relacionadas ao conhecimento, permitindo que ele encontre soluções mais eficientes.
Então, o ideal é que, ao sentir-se empacado, pare e vá fazer outra coisa. Tome um banho, durma um pouco, caminhe, escute uma música, desenhe, toque algum instrumento, é nessas horas que nosso cérebro se abre para o modo difuso e, através de uma visão geral, começa a formar conexões buscando uma solução.
5) Notas codificadas
Notas confusas podem dificultar a lembrança dos pontos importantes de uma palestra. Escrever de forma categorizada em cores é uma maneira dinâmica de organizar as informações que a pessoa está aprendendo, o que também ajuda a revisar e priorizar as ideias mais importantes.
6) Aprendizagem espaçada
É uma estratégia eficaz para melhorar a retenção de informações ao longo do tempo. Envolve dividir o conteúdo de estudo em seções menores e distribuí-las em intervalos ao longo de um período prolongado. Isso pode ser incorporado de diferentes formas de assimilação, ora por leitura, ora por videoaula, como sugerido por Paul Kelly (Spaced Learning: A Harbinger of a Paradigm Shift Education).
Após entender como cada técnica funciona e quais são as melhores ocasiões para aplicar cada uma delas, o estudante pode adaptar as técnicas para sua realidade, a fim de facilitar a execução, além de procurar ferramentas que auxiliem a empregá-las.
Um exemplo disso é o Anki, programa de repetição espaçada, gratuito e de código aberto, desenvolvido para ajudar os usuários a memorizar informações de maneira mais eficiente. Aplicativos como o Focus Booster ajudam a dividir o fluxo de trabalho em blocos de concentração intensa, otimizando os estudos.
Outro ponto que costumo destacar é que cada técnica é mais eficiente em uma determinada situação como, por exemplo, caso a pessoa queira digerir melhor o tempo, a técnica Feynman pode ser mais difícil comparada a uma combinação de autoexplicação e alternância dos modos focado e difuso. Já para assuntos mais complexos que requerem muita atenção, o método Feynman e a aprendizagem espaçada são mais indicados.
Nós aprendemos de maneiras diferentes e precisamos entender que as técnicas que funcionam para um podem não ser eficientes para outros, por isso cabe ao estudante primeiro se conhecer para saber como desfrutar de cada técnica.
Por isso, avalio que os principais desafios de aplicar as técnicas acima consistem em identificar o momento certo de aplicar cada uma e encontrar a que mais se encaixa em cada rotina. Afinal, nem sempre temos tempo e material para trabalhar técnicas mais complexas, e por isso precisamos adaptá-las à nossa realidade.
* Lorenzo Tessari é Chief Operating Officer (COO) da Gama Ensino.
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