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Brasil 'ganha' uma Alemanha em área marítima após decisão da ONU; entenda

Órgão das Nações Unidas concedeu ao Brasil o direito a uma área de 360 mil km² que excede a Zona Econômica Exclusiva, na costa do litoral norte. Nova faixa está na Margem Equatorial

A Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), da Organização das Nações Unidas (ONU), aprovou uma proposta do Brasil que pedia pela ampliação da plataforma continental (extensão submersa da massa terrestre do continente) na costa do litoral norte.

A área se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte e excede as 200 milhas náuticas (370 quilômetros) da Zona Econômica Exclusiva, faixa de mar sobre a qual o país já possui direitos reconhecidos internacionalmente.

A decisão, publicada na quarta-feira (26), reconhece o direito do Brasil de explorar a Margem Equatorial, em uma área de cerca de 360 mil km² — equivalente ao território da Alemanha.

Nova área marítima brasileira reconhecida pela ONU — Foto: Juan Silva/Arte g1

Nova área marítima brasileira reconhecida pela ONU — Foto: Juan Silva/Arte g1

Agora, então, o Brasil poderá explorar recursos naturais do leito marinho e do subsolo na nova área aprovada pela ONU.

"O reconhecimento representa uma importante conquista geopolítica e estratégica para o país", declarou, em nota, a Marinha do Brasil.

O Brasil buscava, desde 2017, estender seu território além das 200 milhas náuticas definidas pelas autoridades internacionais. Segundo a Marinha Brasileira, a análise da Margem Equatorial envolveu sete anos de diálogo entre especialistas brasileiros e os peritos da CLPC.

Foi durante a 63ª sessão da Comissão, realizada em Nova York entre os dias 17 e 28 de fevereiro, que a delegação brasileira apresentou suas considerações finais ao plenário da Comissão, que aprovou a proposta.

As discussões foram feitas a partir do Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC), liderado pela Marinha do Brasil, e contaram com o apoio da Petrobras, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e de outras instituições.

"Sabemos da importância para o Brasil da decisão de ampliação da área marítima. Além de fortalecer a soberania do país, permite o acesso aos recursos ali presentes", afirmou a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos.

Petrobras e Margem Equatorial

A nova área não é a mesma que a Petrobras tem investido em conseguir a licença para perfuração de petróleo. Apesar de também se tratar da Margem Equatorial, a região de interesse da petroleira está dentro do limite de 200 milhas náuticas já pertencentes ao país.

O primeiro poço de petróleo a ser explorado pela Petrobras está previsto para o bloco FZ-M-59, que fica na bacia da Foz do Amazonas, em águas do Amapá.

No último dia 14, a estatal disse ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que vai terminar a unidade de estabilização da fauna no Oiapoque (AP) – uma das exigências do órgão ambiental— em março e já pretende marcar a vistoria.

A estatal também conta com a pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a liberação. O presidente e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, têm feito duras críticas à atuação do Ibama.

Em fevereiro, Lula chegou a chamar a demora do órgão para conceder a licença à Petrobras de “lenga-lenga". Já Silveira subiu o tom nesta semana e disse que o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, “está receoso e não tem coragem”.

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