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Isenção do IR eleva o ganho com papéis do agronegócio e de imóvel

Incentivo do governo é atrativo para investidor aplicar em letras de crédito desses dois setores

Autor: Toni SciarrettaFonte: Folha de S.PauloTags: imposto de renda

Agronegócio, construção civil e, agora, infraestrutura.
Três dos setores de maior potencial da economia brasileira são também os que têm as melhores oportunidades de ganho para o investidor pessoa física nas aplicações financeiras em renda fixa.
E o motivo não é o dinamismo dessas indústrias, mas a isenção do Imposto de Renda dada pelo governo para quem ajuda a financiar esses setores, considerados estratégicos para o país.
As LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) e as LCI (Letras de Crédito Imobiliário) têm isenção do Imposto de Renda, que leva até 22,5% do ganho em aplicações semelhantes de menos de seis meses. O mesmo vai ocorrer com os títulos de infraestrutura.
Quem aplicar R$ 100 mil por um ano nesses papéis com taxa de 85% do CDI pode levar R$ 9.477,50 líquidos, considerando um CDI projetado de 11,15%.
Para ter um ganho desse patamar -pagando IR de 17,5% (alíquota a partir de 361 dias)-, o investidor precisaria conseguir um CDB de 103,03% do CDI (11,49% ao ano, nessa conta), retorno que os bancos não oferecem nessa faixa de aplicação.
"É um investimento muito interessante. A gente mal consegue atender a demanda", disse Vitor Bidetti, diretor da Brazilian Mortgages, maior financeira do ramo imobiliário.
Apesar de estarem atrelados a um projeto -muitas vezes arriscado ou de difícil viabilidade, como na infraestrutura-, o risco dessas aplicações é baixíssimo.
No caso dos papéis imobiliários e do agronegócio, os bancos emissores garantem integralmente a aplicação do investidor mesmo em caso de inadimplência dos financiamentos a eles atrelados. O BNDES vai garantir o retorno dos papéis de infraestrutura.
O risco é o banco quebrar -o mesmo de um CDB. Na hipótese de isso ocorrer, o aplicador ainda tem como seguranças adicionais o imóvel e as garantias apresentadas pelos emprestadores.

VALOR ALTO

A principal desvantagem é que, diferentemente de um CDB, o aplicador não pode resgatar sua aplicação antes do vencimento.
O investidor precisa dispor de um valor elevado para comprar esses papéis e se beneficiar da isenção fiscal.
No Banco do Brasil, as aplicações em LCA começam em R$ 1 milhão e as taxas vão de 85% a 95% do CDI, dependendo do prazo. Bancos de menor porte, como o Safra e o Pine, aceitam investimentos a partir de R$ 100 mil, oferecendo taxas líquidas de 85% a 97% do CDI.
As LCI são um pouco mais acessíveis. Na Brazilian Mortgages, a aplicação mínima é de R$ 20 mil e as taxas começam em 88% do CDI.
"Se precisar do dinheiro no meio do caminho, é um problema. O investidor também tem de ver qual é a garantia da operação", diz Fabio Colombo, administrador de investimentos.
"É um produto diferente de um CDB e da poupança, que, se a pessoa precisar, pode sacar no outro dia. O risco de crédito é menor que em um CDB, mas a operação como um todo é mais arriscada porque não se pode sair quando quiser", diz Osvaldo Cervi, diretor do Private Bank do Banco do Brasil.

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