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Semana com 4 dias de trabalho será testada no Brasil ainda neste ano; entenda iniciativa
Modelo já foi experimentado no Reino Unido, EUA, Espanha, Austrália e outros países; testes apresentam resultados positivos
A possibilidade de a jornada de trabalho ser composta por apenas quatro dias da semana será testada no Brasil a partir de novembro.
Após ser experimentado no Reino Unido, Estados Unidos, Espanha, Austrália e outros países, o modelo será colocado em prática no Brasil por meio de uma parceria entre a consultoria Reconnect Happiness e a organização 4 Day Week Global.
O modelo defende que, com o “redesenho” da jornada de trabalho, é possível alavancar a qualidade de vida de colaboradores e, ao mesmo tempo, incrementar a produtividade das empresas.
A CNN conversou com Renata Rivetti, especialista em felicidade corporativa e fundadora da Reconnect, que explicou o passo a passo da experimentação que acontecerá no Brasil e os resultados internacionais.
Os testes no Brasil
A preparação para a experiência terá início no Brasil já entre os meses de junho e julho. Neste momento, os responsáveis pela iniciativa se reunirão com empresas para detalhar o projeto piloto, desde a metodologia aos resultados esperados.
Em agosto, os responsáveis iniciam o cadastramento de potenciais participantes para a experiência. Segundo Rivetti, a recepção à iniciativa vem sendo positiva no país.
“Tivemos uma surpresa super positiva no Brasil. Existem vários mitos no país, de glamorizar o excesso de trabalho. Mas tivemos mais de 300 empresas interessadas neste começo. Há grande aceitação das empresas, desde microempresários até multinacionais com milhares de colaboradores”, indica.
A partir de setembro, serão realizadas pesquisas quantitativas para avaliar as métricas das empresas envolvidas. Os dados recolhidos neste momento (antes do início da experimentação) serão comparados com números aferidos mais tarde, durante a implementação e após a realização do piloto.
Também neste momento executivos da Reconnect Happiness e da 4 Day Week Global realizarão aulas para conduzir as empresas no processo de redesenho.
Em novembro, o piloto será colocado em prática. Após três meses serão recolhidos dados sobre o desempenho do projeto. O processo chega ao fim após seis meses, quando novamente são aferidos os números.
Renata Rivetti explica que a implementação do modelo vai além de “tirar a sexta-feira”, mas diz respeito a um redesenho da jornada dos funcionários.
“É compromisso dos colaboradores em manterem 100% da produtividade, recebendo 100% do salário, mas em 80% do tempo”, afirma.
Resultados internacionais
A possibilidade vem sendo experimentada em diversos países ao redor do mundo, como um caminho para integrar o trabalho a uma rotina saudável. Na última segunda-feira (5), Portugal passou a testar o modelo, em um piloto promovido pelo governo, com 39 empresas e 1.000 colaboradores.
O maior teste da 4 Day Week foi realizado no Reino Unido, com 61 empresas e 2.900 colaboradores. O experimento também já viajou aos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, entre outros países.
Renata Rivetti indica que, mundo afora, os resultados da iniciativa vem sendo positivos. No Reino Unido, 91% das empresas que realizaram o piloto demonstram interesse em manter a jornada de quatro dias.
Segundo a especialistas, também são reportados aumentos de receita, em comparação com o mesmo período de anos anteriores, e redução de turnover — a taxa de rotatividade dos trabalhadores. Além disso, funcionários indicam diminuição no estresse e ganhos em saúde física.
“Olhando as experiências globais, a gente teve bons resultados para os indivíduos, para as empresas e para a sociedade. Vemos o quanto o piloto pode transformar o mercado de trabalho de maneira mais saudável, humana e produtiva”, aponta.
Benefícios do modelo
Colaboradores que participaram dos experimentos no Reino Unido disseram à CNN que o dia extra de folga mudou suas vidas para melhor, permitindo realizar hobbies e recarregar energias.
Jon Leland, diretor de estratégia do Kickstarter, um site de crowdfunding que participou de teste no Reino Unido, descreveu o cronograma como um “verdadeiro ganha-ganha”, se referindo aos benefícios para colaboradores quanto e à produtividade.
Renata Rivetti explica, com base nos estudos utilizados pela iniciativa, que os funcionários normalmente são produtivos entre duas e três horas. Além disso, suas jornadas são insistentemente interrompidas por distrações.
“A ideia do piloto é que os funcionários redesenhem o trabalho para serem mais produtivos em menos tempo”, aponta.
Os resultados positivos Reino Unido devem ser contrastados com outras realidades. Na experiência da Espanha, nove em cada dez profissionais preferiam trabalhar quatro dias por semana. Contudo, um estudo da Hays España revelou que apenas 5% das empresas considerou implementar a redução da jornada.
Publicado por Danilo Moliterno; com informações da CNN international.
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